sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Pensar é estar doente dos olhos

Parei para pensar: por que pensar?
As melhores coisas da vida são feitas sem pensar, nem antes, nem depois de terem sido feitas. Apenas fazer, deixar as coisas como elas devem acontecer. E se a vontade pede, ela deve ser obedecida. O dicernimento fala mais alto do que o pensamento. O pensar prende, o dicernimento dá a noção da vontade.
O mundo não se fez para pensarmos nele.
Daí, decidí parar de pensar, pelo menos para que não complete um ano de pensamentos fúteis e perdidos.
***
O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...

Creio no mundo como num malmequer,

Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender ...

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...
(Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa)

Um comentário:

  1. "Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
    Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
    Mas porque a amo, e amo-a por isso,
    Porque quem ama nunca sabe o que ama
    Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
    Amar é a eterna inocência,
    E a única inocência não pensar..."

    Amemos!!!:D

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