terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Do último post do ano

Natal.

Luzinhas nas árvores são sinais de que o ano está acabando.Sinal de que estou realmente envelhecendo.Sinal de que o capitalismo avana sobre nós e nos obriga a comprar mil presentes para os familiares.Sinal de que precisamos fazer aqueles planos para o ano que vem.Nossa, são aqueles planos que me fazem acreditar que o ano que virá pode ser melhor que o anterior.
Meu 2007 foi bom.Tá certo que não foi como meu 2006, meu auge da solteirisse, muitos agitos e coisas legais dando certo e tals, mas foi bom porque dei início a uma nova fase.É, justamente aqula que você começa a pensar que você não terá 22 anos para sempre.Veja, terei 23 daqui a menos de duas horas, entao não terei 22 para o resto da vida.Foi nesse ano que comecei a pensar mais fortemente em trabalhos, faculdades e morar sem pais.Nao consigo mais me encaixar dentro da minha propria casa.
Foi nesse ano que comecei a acreditar que, de alguma forma, consigo fazer uma coisa ou outra movida a raiva, orgulho ou teimosia.Passar o ano inteiro estudando Morfologia não é pra quem não tem paciência.Reler os Mattosos, Lemos, Basilios e Barrenecheas que continham na apostila não é pra quem não gosta.E eu comecei a gostar da coisa, mesmo sentindo uma raiva tao imunda por dentro quando o Alexandre me reprovou por meio ponto.Consegui reverter esse lance movida à raiva e ódio pela faculdade e pela Morfologia - ódio esse que se transformou em leve afeiçao.
Planos para 2008: puxar uma materia de micro-imuno.
Foi nesse ano que iniciei o Taekwon-do por admiração e continuo praticando por teimosia - cara, eu sou péssima na arte marcial!
Planos para 2008: entrar na academia de dança da Tainá.
Foi nesse ano que me apaixonei perdidamente, coisa que nao imaginara acontecer de novo.Dessa vez não sinto vontade de chorar ou de sentir raiva do mundo.Não sinto que tudo está perdido e que a única soluçao é voar pela janela.Sinto conforto, como se, finalemente, eu tivesse achado meu cobertor no meu dia de frio.
Planos para 2008: nada de metáforas cafonas sobre paixão.Tá, eu não tenho planos para 2008 com o Michel...vai depender dos planos dele também, hauhauhauahuaha.
Foi nesse ano que me afastei, sem querer, dos amigos da faculdade, achando que eles me atrapalhariam nos periodos mais avançados da Letras.Ledo engano.Meu CR, este ano, será baixo, nao por culpa deles, mas minha, por querer ser auto-suficiente...
Planos para 2008: 4o período com eles.
Foi nesse ano que senti necessidade do meu espanhol, de uma linha nova, de um emprego mais digno e foi quando senti minha maior afinidade com turmas, aulas, pré vestibulares...
Planos para 2008: realmente procurar um emprego digno.E voltar pro pré Consolaçao e Correia (vai ter gente que nem vai gostar disso, hehehehe).
E foi nesse ano também que conheci muita gente, fortifiquei amizades com outros amigos antigos, foi nesse ano que me explorei, inventei, criei mundos diferentes e viajei peo vasto universo da novidade...
Planos para 2008: fazer isso mais vezes.


Talvez, quem sabe, eu encare as luzinhas de Natal como algo mais agradável do que "falsidade - velhice - capitalismo selvagem".

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Pessoas loucas e epifanias

Eu li uma parada no orkut que me fez ficar um pouco mais tristinha.Nao costumo ficar dizendo por ai o que eu sinto sobre as pessoas e o que eu desejo pra elas, mas a verdade é que eu sempre tive medo de ficar sozinha.Nao sei porque eu tenho esse medo, ja que cresci rodeada de pessoas a minha volta.Talvez tenha sido na infância, ja que eu observava que todos quem eu gostava iam embora e nunca mais voltavam.Deve ter sido por isso que hoje eu tenho medo que um dia as pessoas possam ir embora da minha vida. É tudo muito complicado quando vc se sente querido e um dia essas pessoas que te faziam bem vao embora.As vezes nem é culpa das pessoas; a vida se encarregou de leva-las pra longe de mim, nao as culpo. Quando entrei no CPII, quando eu vi tanta gente legal a minha volta, eu me senti feliz.Nao me lembrava hoje do quanto eu era feliz, mas hoje eu me lembrei; achei um bilhete da epoca dourada e lembrei que eu era muito feliz.Talvez mais feliz do que hoje sou.E eu era feliz porque acreditava que toda aquela magia era pra sempre.Em 2002 eu percebi que o "pra sempre sempre acaba" e fiquei triste.Tao triste que eu observei claramente as pessoas indo embora da minha vida.A minha vida se encarregou de leva-las embora.Levou as lembranças, os risos, os sonhos, os momentos... Ainda guardo com carinhos as fotos e cartas e lembranças.Fitas cacetes com gravaçoes das nossas vozes infantis, dizendo besteiras e rindo delas.Diarios e papeis, descrevendo com tantos detalhes tudo que eu vivi naquele momento lindo; talvez meu talento para as letras ja estivesse escondido aos 12 anos.Era tudo tao sonho, era tudo tao bonito e acabou. Hoje me vejo rodeada de pessoas lindas, de coraçao puro e bom.E hoje sou feliz.Devo muito as pessoas que estão comigo hoje.Estou assim muito por causa delas.Pessoas antigas, que resistiram ao tempo; pessoas novas que invadem meu coraçao e me fazem rir a toa. Olho para esses novos amigos e sinto vontade de chorar, as vezes.Eles sao tao perfeitos, tao bons...E hoje eu sou feliz sabendo que isso nao é pra sempre.Isso vai acabar.Todos vao embora e outros virao.Mas nunca me esquecerei destes que me fizeram rir, sonhar...Desde daqueles do pré-escolar(recentemente encontrei um ex-coleguinha do pré, e por um segundo aquilo me fez bem)ate os do Intellectus.Eu sei que um dia a vida vai se encarregar de leva-los.Mas eu nunca vou deixar de sentir esse calor que sinto por todos estes que passaram na minha vida. Talvez alguns destes nao se lembrem mais de mim.Mas eu lembro de todos que me marcaram, lembro com carinho.De alguns, ainda desejo suas presenças.Mas sei que ja foram...nao voltam...Apenas nos bilhetes, cartas, depoimentos, diarios, fitas cacetes... Nao gosto de falar sobre isso, maldito flogão que me fez reescrever esse texto todo!Raramente falo disso, mas eu me sinto até um pouco mais aliviada. Nao gosto de me sentir assim; mas fiquem tranquilos, eu estou feliz!=)


08/09/06


Escrevi isso no blog ano passado e hoje aconteceu uma coisa que me fez lembrar desse texto.A Van, amiga do naipe "pra sempre", estava chateada porque alguns amigos nos abandonaram.Vanzinha, a vida é assim mesmo.Se nos abandonaram, é porque não eram nossos amigos.
Pensem nisso, gente.Qualquer dia desses eu colocarei o texto Da Amizade, de Michel de Montagner.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Da solidão

Esse espaço virou meu melhor amigo.Não que eu não tenha um melhor amigo, mas eu só sei escrever, não sei falar.Deve ser por isso que eu percebo que ninguém entende o que eu sinto.Não sei dizer o que eu sinto.
Deixar de escrever aqui foi um martírio.Li hoje um trabalho da faculdade sobre o que é a obra literária e eu percebi que a obra apenas existe.Não preciso de publico para que ela exista; ela simplesmente EXISTE!Meu blog existe nao porque ele não tem comentários, mas, sim, porque alimento de textos.Todos tão literários, tão gritantemente literários, que se torna ele por si só.
Sim, hoje teremos um post filosófico \o/

Na verdade, sempre que sinto-me sozinha, acredito que é quando mais preciso dele; meu maior companheiro de lágrimas solitárias e divagantes indecisões: o Babinha.As coisas me compreendem melhor do que os seres vivos.Sei que se sentar para conversar com a cachorra do meu aluno, ela vai querer me julgar.Babinha me entende, porque entendo o Babinha.Ele lá, na sua condição solitária de enfeitar minha cama de dia e ser apertado nas minhas noites mais sombrias (sim, eu, às vésperas de fazer 23 anos, durmo com bichinhos de pelúcia, dá licença?¬¬).
Meu último post talvez explicite o grande dilema atual.Minha inércia natural de capricorniana de querer acertar as contas com meus erros briga incessantemente com meu orgulho capricorniano idiota de sair de uma injustiça qualquer sem prestar esclarecimentos.Ir embora.Deixar pra trás tudo que aprendi e sei, tudo que conquistei, mesmo não sendo muitas coisas.De um lado, o orgulho me berra palavras como você não precisa disso, você pode muito bem viver sem isso e minha inércia diz você sofrerá muito sem tudo isso, que sempre te fez tão bem depois de momentos estressantes.
Batalhas.Elas são necessárias?Sangues e lanças e materiais bélicos...Meu pai ensinou-me que a vida é uma longa batalha.Precisa-se lutar, brigar por ela, sofrer e até morrer...morrer pela própria vida?Pensem nisso...Disseram-me que eu era boa.E eu acreditei.Por ter acreditado no que me disseram, fui atrás do que eu achei que eu podia.Lutei...e perdi.Quase uma batalha, como disseram-me.Ué, a vida é assim, não é?
Do que a vida é feita?O que podemos levar para o nosso sempre e o que nos é relevante?O que nos dá prazer em ser feito?A vitória dá prazer, e somente ela?O que nos é bom?O orgulho é bom?Perder duas vezes da mesma forma é condição natural do ser humano?Perdi quatro vezes uma vez e então ganhei.Suei, chorei, quase desisti.Babinha sabe o quanto chorei.Chorei por conseguir, chorei por ter conseguido.Todos os dias pela manhã eu caminho pelas pistas perigosas da Leopoldina perguntando-me se tudo isso valerá a pena um dia.As orações, os períodos simples, os sintagmas nominais, o morfe zero de Mattoso...Para que isso me é necessário?E os microscópios, as lâminas de análise, as minhoquinhas e o jaleco branco dentro do armário, o que elas poderiam me trazer, se eu tivesse seguido minhas derrotas constantes?Tentar e fracassar, tentar e fracassar...Chegar aos vinte e tantos anos com uma série de decepções.Complicado, pois ao pensar nisso, pergunto-me: preciso dessa decisão para viver em paz?A saudade não pode instalar-se no meu peito e ficar só como a grande espectadora de pessoas que têm talento para a coisa?Eu teria esse tal talento que disseram-me um dia?
Ainda não sei, e Babinha olha-me com os olhos grandes da fabricação em Taiwan.Ele me entende.Viu como corri atrás e sonhei tanta coisa boa pra mim.Viu como eu perdi, venci.Fui determinada e exigi de mim mesma um desempenho à altura da minha determinação.Se ela é alta, exijo minha perfeição.Não que isso seja o determinante da minha vida.Morrer pela própria vida nunca fez parte da minha lista de coragem.É fato que sempre quis meu melhor e sempre nesses momentos que só me exibiu o pior.
Post grande e pessimista, não acham?É porque é muita, mas muita coisa mesmo a ser dita.Coisas que eu não sei dizer mesmo.Eu olho para o Babinha e ele sabe o que é tudo isso, ele é sábio, detém os meus devaneios da madrugada silenciosa.As pessoas que mais eu tenho amor não são capazes de entender a complexidade de um devaneio tão simples.
A decisão aperta-me conta a parede.Grita em meus ouvidos.Luta dentro de mim.Socos e pontapés na boca do estômago me fazem perder o ar.Entonteço.Tudo fica tão escuro agora.Babinha está ao meu lado sempre, pra onde eu for.E ele me abraça para me proteger dessa tão ardilosa batalha entre meu eu contra o meu outro eu.Aquele que quer, e aquele que age.Eles nunca estão em sintonia.E eu fico sem saber para onde ir.

Coisa tão pequena a ser decidida.Por que tantos devaneios, meu Deus?Ir-me-ei ao encontro do sábio Babinha.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Da despedida

É difícil dizer adeus, mas ela não pensou duas vezes.Aquela situaçao estava muito insuportável; as discussões eram cada vez piores e por mais que ela tentasse, nao conseguia vencer uma batalha diaria.
Foi quando, silenciosamente, depois da que ela julgou a pior discussao entre eles, resolveu que ia fazer as malas e partir.Na escura madrugada, abriu a mala em cima da sua parte da cama e colocou ali dentro tudo que ela julgava necessário para a partida.Seus amigos sempre chamaram-na de teimosa, mas dessa vez tinha ido muito mais longe do que uma teimosia de criança; a paciência esgotara-se.De paciência, encheu a mala, sobrando um espaço um pouco menor para as outras coisas.Precisava de coragem.Coragem poucos tem de abandonar o que mais se gosta.Já fizera isso numa outra ocasião e enchera a mala da mesma coragem e paciência que enchia desta vez.Seria a última; não voltaria mais a pisar nesse lugar.
Precisou de alma para enfrentar a partida.Despedir-se de tudo que lhe queria bem era difícil, mas muitas marcas foram deixadas em seu corpo.Sim, aquela relação era muito intensa de todas as formas e ela feriu-se de tantos modos.Seu corpo já estava coberto de escoriações, mas sabia que sentiria falta.Colocou alma em sua mala, mas ela nao podia enche-la, ainda.
Achou que precisaria de futuro para colocar em foco, mas decidiu manter no armário.Deixa que a mala me leva, disse para si, muito baixinho para que ele não ouvisse.Deixou o futuro na gaveta e achou outras caixinhas que talvez fossem necessárias.Paixão.Paixão?Leva-se paixão numa despedida?Na sua última partida ela deixou a paixão para trás e seguiu sem ela.Foi bem sucedida.Nada de levar paixão, então.Paixão carrega remorso.
Ah, o orgulho!O orgulho era um caixotão pesado, mais pesado do que a paciência e a coragem.Cabia exatamente no espaço vago na mala, como se a mesma ja tivesse um compartimento específico para ela.O orgulho era para que ela nao voltasse atras na sua decisão.Na sua última despedida, deixou derramar do lado de fora da mala um pouco do seu conteúdo e arrependeu-se; desta vez nao precisaria de cuidado.Pegou cuidadosamente com as duas mãos aquela caixa pesada e encaixou delicadamente no vão da mala.Sentiu-se segura desta vez.Tudo estava ali dentro.
Era necessária aquela partida, mesmo que fosse por algumas temporadas.Precisava seguir um rumo diferente, ou não seguir; apenas pensar sobre ele, refletir sobre tudo aquilo que havia passado.Os amigos davam-lhe força e até ele deu-lhe muito apoio e confiou nela.A convivência era difícil e o trabalho era arduo demais.Não dava para suportar aquela dor, aquela baixa estima.Queria sumir dali, antes que amaldiçoasse todos os momentos daquela vida que viveu naquele curto periodo de sua vida.Curto, porém intenso.Extremamente.
Ela fechou a mala com facilidade, mas nao foi fácil tira-la de cima da cama.Era pesada.Com certeza ia fazer barulho para arrastá-la.Olhou para trás, viu o armário aberto.Viu as únicas roupas que deixara penduradas no cabide: uma calça branca, um paletó, uns tops coloridos e uma cinta amarela.
E partiu.
Percebeu que ele viu-na partindo, mas ela não olhou pra trás.Abriu a porta e sumiu na escuridão da noite.