quinta-feira, 29 de maio de 2008

Do que é mais gostoso de sentir

Gosto de perceber que o tempo passou e um grande erro do passado foi consertado pelo tempo.
Hoje pela manhã, depois da segunda noite sem dormir por causa da faculdade (sempre ela me tirando o sono), abri a página da internet e tive uma grande libertaçao. Já sei que em meus próximos sonhos ele vai aparecer outra vez, mas tenho certeza que ele despedir-se-á de mim. Amo libertaçoes. Libertar-me do passado é uma coisa que me dá um grande prazer. Saber que determinados erros evaporaram com a açao do tempo é uma coisa um tanto quanto amenizadora. Senti-me como se eu tivesse acabado de receber minha anistia.
Não, não, nenhuma palavra foi trocada e nem será. É gostoso ouvir o som do telefone e ver seu nome no visor do aparelho. Não há mais sofrimento e as lágrimas aparecem quando há emoções boas. Nunca mais quebrei e nem precisei quebrar mais nada. Apesar de todos os outros problemas, me pego sonhando com uma vida cheia de crianças me chamando de mamãe. Sinto ainda bater em mim um músculo muito forte na altura do peito quando eu sei que ele virá, como se eu tivesse acabado de me descobrir apaixonada.
Fecho os olhos e não nego que a emoção me vem. Depois de tanta dor, tanto sofrimento, era pra, simplesmente, ter dado um fim trágico à minha vida. Foi como se alguém soprasse no meu ouvido que a tempestade ia passar, mas que ia demorar um pouco. Foram tempestuosos dois anos após esse dia, e tudo que conquistei de bom foi quando essa tempestade passou. Carrego até hoje os bons louros das conquistas, vivencio e sonho cada vez mais.
Cada um foi pro seu lado, e isso foi, no início, inaceitável. Mas foi bom. Foi bom e parece que eu só pude ver tantos anos depois. Olhei para mim, uma Patinha que carrega feridas de guerra, mas agora todas cicatrizadas. Patinha que passou por perrengues, que não era nem para viver tudo que vivo hoje. Patinha que ama, cada vez mais, absurdamente mais...E tanto me faz bem e ainda sonho, suspiro. Consigo me ver lá na frente, num futuro não tão distante quanto eu achava.
A vida ficou boa. Eu agradeço muito por ela ter tomado seus respectivos rumos.
***
P.S.: Post dedicado ao Michel e a todas as pessoas que me viram crescer.

sábado, 17 de maio de 2008

Das pessoas em geral

Estou aqui de novo para falar de pessoas.Acredito que este é meu assunto preferido, desde sempre, desde o dia em que me vi como uma pessoa, e isso faz bastante tempo.
Quando eu era pequena, tipo uns 10 anos, gostava de sentar no canto do pátio da escola pra ver os colegas jogando bola ou brincando de qualquer outra coisa.Obviamente, por alguma razao ainda desconhecida, eu pouco participava dessas interaçoes com os colegas da minha sala.Talvez por andar sempre cansada numa época em que estudei muito mais do que meus amiguinhos para estudar num colégio público federal, ou por apenas ser diferente das outras meninas.Todas elas eram tao bunitinhas e eu fui, realmente, uma criança feia.Era muito alta, muito magra, e sempre tive esse queixo esquisito e protuberante.Costumo acreditar neste motivo.
Eu passava as tardes de 1995 me divertindo ao fazer isso.Todos os dias.Fui percebendo o comportamento das pessoas.Como os adultos conseguiam ser diferentes das crianças.Como havia aquela distancia tao formal e desnecessária.
Fui asim crescendo e sempre gostava de ouvir o que as pessoas tinham a me dizer.Gosto de viajar sozinha no onibus e ouvir as conversas das outras pessoas.Nao pela fofoca, mas por entender o pensamento e os principios delas.Gosto de adivinhar (e acertar) o que elas pensam e sentem naquele momento.Um tanto quanto inutil, mas gosto.Costumo pensar no que o outro pensaria se eu fizesse tal coisa com ele e costumo agir pensando no próximo.Hipocrisia, é o que parce, pois somos todos tao egoistas, mas é verdade; eu nao gosto de fazer feio diante dos outros.Sim, eu me importo com a opiniao das pessoas como todo mundo, mas ninguem assume.Claro que pouco ouço falar de mim, as pessoas nao tem muito o que falar de mim.Dizer que sou legal ou amiga é uma coisa que todo mundo diz pra qualquer um.E tambem nao vou ficar pedindo para que voces digam pra mim nos comentários (mas seria bom se, pelo menos, voces comentassem, porque todo mundo le e nem to sabendo que tem gente lendo), não precisa, é sério!Gosto de dizer a elas o que penso e adoro uma questão filosófica.
Amo ouvir histórias reais.É meu momento catártico de sair da minha vida dramática e melancólica para mergulhar na vida do próximo.É como abrir uma grande obra literária e curtir o sabor de um Joaquim Maria, Clarice ou Gabriel.Amo sentar, ouvir histórias, saber a reação de cada "personagem", visualizar um cenário, o rosto das pessoas envolvidas que não conheço, tentar visualizar a reação das pessoas que conheço, saber o que vai acontecer no dia seguinte.Tenho um absurdo interesse em ouvir o cotidiano, em sentir o cotidiano, em assistir o cotidiano.As minhas histórias já foram atrativas algumas vezes, mas confesso que, apesar de ter gostado de ser o centro das atenções por alguns momentos, não é a atividade que mais curto.Gosto de contar sobre minhas travessuras na época de "solteira", ou do último fracasso com o ex-namorado, mas prefiro ouvir.Sinto que minhas histórias e questões pessoais ficam sem sentido ou sem fundamento quando elas saem de mim.É como se eu precisasse senti-las pulsando e doendo dentro de mim para que eu me sentisse com alguma razao de viver.Contar, desabafar, anda me trazendo decepções, pois não costumo ser ouvida constantemente.Não por ter a volta amigos despreziveis e ruins, mas por talvez ser chata.Sentir-me chata.Ou apenas por nao ser uma boa contadora de histórias.Ou talvez porque o interesse que eu tenho por pessoas não é mesmo que as pessoas têm por pessoas.
Não sei ao cert, mas ando curtindo a idéia de que é bom fornecer bons momentos às pessoas a volta.Sinto-me pior do que antes ao desabafar.Tenho bons amigos, alguns decepcionáveis (abrindo o jogo: ando violentamente decepcionada com uma amiga, que sei muito bem que não posso chamá-la de amiga.É meio frustrante, mas foi bom descobri a tempo que ela não era tão legal quanto imaginei), sei que eles seriam capazes de ouvir algumas das minhas lamentações, mas sinto-me muito mais feliz em deixá-las para mim.Não é uma felicidade plena, mas uma felicidade melancólica.Ver as pessoas felizes e bem com a companhia.Isso me agrada, isso me satisfaz.
Pessoas vivem questões filosóficas o tempo todo.Isso é extremamente natural.Gosto dessas questões, mas não de vive-las em alguns momentos.Gosto mais de não te-las.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Do palavrão

#()£@-$&
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Depois de uns posts em greve e na mais extrema revolta, decidi abrir o verbo: palavrão pra todas as coisas que me atormentam por prazer. Palavrão para todas as pessoas que não retribuem o carinho que dou. Palavrão para todas as pessoas que acham que assim se resolve. Palavrão para todas as matérias que eu odeio. Palavrão pra inveja, pro ciúme e pra mentira. Palavrão pro que me irrita.
Palavrão aos berros pros meus sonhos, pesadelos horrendos que trazem meu passado tão a tona que confunde-se com o presente e me deixando louca. Palavrão gigantesco, em caixa alta, para os trabalhos da faculdade. Palavrão maior ainda para tudo que envolve minha arcada dentária: exames, equipe odontológica, dentes fora do lugar, genética maldita. Palavrão indignado para as espinhas fora de época, para os cansaços em plena segunda-feira, para o péssimo desempenho e para a impaciencia, o sono, a falta de tempo.
Palavrão merecedor para pessoas que merecem esse palavrão. Pessoas egoístas, egocentricas, que me desvalorizaram ao longo dos meus anos, que me humilharam e que me desprezaram. Para aqueles que vão se afastar por opção, comodismo e facilidade. Para aqueles que preferem não lutar por um falso medo, medo esse desnecessário.
Na verdade, palavrão pro meu contexto atual. Silêncio é tudo que me resta e o grito pode silenciar toda essa angústia. É dificil dizer, porque eu, logo eu, a dona das palavras, a tão bem articulada Pat, não sei o que dizer...
Então, palavrão pra esse blog também.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Da música

So while I'm turning in my sheets
And once again, I cannot sleep
Walk out the door and up the street
Look at the stars beneath my feet
Remember rights that I did wrong
So here I go
Hello, hello

There is no place I cannot go
My mind is muddy but
My heart is heavy, does it show
I lose the track that loses me
So here I go
oo oooooo ooo ooo oo oooo...

And so I sent some men to fight,
And one came back at dead of night,
said "Have you seen my enemy?"
said "he looked just like me"
So I set out to cut myself
And here I go
oo oooooo ooo ooo oo oooo...

I'm not calling for a second chance,
I'm screaming at the top of my voice,
Give me reason, but don't give me choice,
Cos I'll just make the same mistake again,
oo oooooo ooo ooo oo oooo...

And maybe someday we will meet
And maybe talk and not just speak
Don't buy the promises 'cause
There are no promises I keep,
and my reflection troubles me
so here I go
oo oooooo ooo ooo oo oooo...

I'm not calling for a second chance,
I'm screaming at the top of my voice,
Give me reason, but don't give me choice,
Cos I'll just make the same mistake again
oo oooooo ooo ooo oo oooo...

So while I'm turning in my sheets
And once again, I cannot sleep
Walk out the door and up the street
Look at the stars
Look at the stars, falling down,
And I wonder where, did I go wrong.
James Blunt
Não gosto de James Blunt, mas gosto particularmente desta música, que fala um pouquinho das coisas que ando vivendo.Esse negócio de fazer decisões e tomar atitudes anda sendo cada vez mais difícil.Então essa música vai para um pedaço da minha história atual, o medo de fazer dar errado e a ausencia de abertura para resolve-lo de vez e esquecer os grandes problemas da vida.Vai para todas as vezes que tive medo de repetir os erros que me fizeram perder pessoas importantes, que me atormentam em sonhos repetitivos.Quero fazer bonito dessa vez.Tentem me compreender.
Por isso, o silêncio vem sendo o meu melhor amigo, pra quem me perguntou outro dia quem que considero meu melhor amigo hoje em dia.Resposta dada?
James Blunt, Same Mistake.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Da poesia

Você diz:Nossa causa vai mal.
A escuridão aumenta.
As forças diminuem.
Agora, depois que trabalhamos tanto tempo,
Estamos em situação pior que no início.

Mas o inimigo está mais forte do que nunca.
Sua força parece ter crescido.
Ficou com aparência de invencível.
Mas nós cometemos erros, não há como negar.
Nosso número se reduz.
Nossas palavras de ordem estão em desordem.
O inimigo distorceu muitas de nossas palavras, até ficarem irreconhecíveis.

Daquilo que dissemos, o que agora é falso: tudo ou alguma coisa?
Com quem contamos ainda?
Somos o que restou,
Lançados fora da corrente viva?
Ficaremos para trás,por ninguém compreendidos e a ninguém compreendendo?

Precisamos ter sorte?
Isto você pergunta.
Não espere nenhuma resposta senão a sua.

Bertold Brecht


P.S.: Não quero escrever coisas minhas por enquanto. Quero que os grandes errantes digam meus dilemas de vida por mim.
P.S.: O silêncio se adapta a mim como se tivesse sido feito sob medida.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Da Poesia

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já foi coberto de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
Camões

P.S.: fazia um tempão que não botava um poeminha aqui.Esse foi o primeiro que li do Camões e nunca me esqueci dele.Hoje minha professora falou dele e me lembrei de como gostei tanto dele.É assim que me sinto.É assim que estou.
P.S.²:não espere de mim mil chocolates de comemoração.Isso pode levar tempo.Preciso mudar meus dias, meus choros em doce canto.