segunda-feira, 9 de junho de 2008

Da segunda-feira

O relógio marca 23:59. Tristeza.
É tão clássico dizer que a segunda-feira é ruim, que ninguém merece a segunda-feira, mas pra mim é muito mais do que isso. Acho que a síndrome de Garfield me atacou outra vez. Ou seriam os resquicios da depressão que deixei pra trás sem tratamento algum?
A semana é cada vez mais pesada e estressante: tudo me persegue a semana toda. Todas as provas, todos os problemas, todas as pessoas. Pouco durmo, pouco como, pouco sorrio. É difícil me ver feliz numa quarta-feira ensolarada, e não há borboleta amarela naquela ilha de Lost-Fundão que me faça persegui-la. Para mim, todas elas são marimbondos.
Nem tanto a magia da genética das quintas-feiras, ou das análises do discurso de terças me fazem feliz. O onibus em alta velocidade, rumo à minha casa, não me deixa aliviada. Meus olhos não se fecham mais com gosto e prazer numa acabada noite de segunda-feira. Não. Tudo que sei fazer e pensar é no quanto de coisa que eu tenho que resolver, no quanto de coisa que eu tenho que conversar com colegas e professores, no quanto de exame que eu tenho que fazer para a cirurgia que nunca vem.
(Quanto a ela, sinto-me como uma criança a espera do seu Papai Noel na noite de Natal. Não adianta, ele nunca virá)
A segunda-feira pesada, a terça-feira indesejada, a quarta-feira cansativa, a loooooooooooooooooonga quinta-feira e a rendiçao de sexta-feira. As semanas se arrastam cada vez mais, como se eu tivesse perdida num Saara sem fim, sem agua, sem nada. O sol forte em minha cabeça, o cheiro de merda nas narinas. O barro molhado na sandalia nova, a picada de marimbondo no meio da prova de Latim. O sono caído entre as folhas de português, este mesmo que me amaldiçoou com 6 semestres de castigo e atraso. A abelha entre os salgados à venda. A lacraia que quase queima meus dedos dos pés. Os inúmeros Aedes que circundam as poças de barro, à procura de carne humana e suculenta. Os filmes malditos do cinema novo às sete da manhã de uma quinta-feira de frio. Três horas de neurulação ininterruptas, nada divertido. Mil declinações latinas, mil símbolos do alfabeto fonético, mil letras do alfabeto grego, mil definiçoes literárias, mil histórias do Brasil, mil células e neuronios e ovócitos e epsermatozóides...
A loucura pede um arrego final na libertação do final de semana. E enquanto sou acalentada pelos beijos de namorado, e enquanto sinto a música entrar em meus ouvidos, enquanto acho graça de meus amigos, enquanto eu tent sentir a mim mesma, a minha cama, o meu corpo, as minhas coisas, elas vêem. Todas as mil declinações e fonéticas e gregas e latinas e cinemas novos e imagens no discurso e questõs literárias e...
Não existe um momento de descanso. O fim de semana acaba tão rápido que não senti meu tempo de sentir. Não sei mais o que é se entregar a alguém na solidão de um quarto, não sei mais o que é o corpo relaxado numa cama macia, não sei mais o que é rir sem olhar para o relógio e fazer as contas: faltam quantos minutos para a segunda-feira? E resolver as tantas mil coisas?
Por que esse circulo vicioso de stress e rotina podem matar uma vida?
Canso, demais, de viver.

Um comentário:

  1. Oieee t entendo perfeitamente...os dias estão se passando muito rápidos e estamos fazendo menos o q desejamos naquele momento...
    q bom q pelo menos nos cansamos 1h:30 duas vezes por semana dançando, rindo e nos divertindo...hehehe

    bjksss

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