sábado, 17 de maio de 2008

Das pessoas em geral

Estou aqui de novo para falar de pessoas.Acredito que este é meu assunto preferido, desde sempre, desde o dia em que me vi como uma pessoa, e isso faz bastante tempo.
Quando eu era pequena, tipo uns 10 anos, gostava de sentar no canto do pátio da escola pra ver os colegas jogando bola ou brincando de qualquer outra coisa.Obviamente, por alguma razao ainda desconhecida, eu pouco participava dessas interaçoes com os colegas da minha sala.Talvez por andar sempre cansada numa época em que estudei muito mais do que meus amiguinhos para estudar num colégio público federal, ou por apenas ser diferente das outras meninas.Todas elas eram tao bunitinhas e eu fui, realmente, uma criança feia.Era muito alta, muito magra, e sempre tive esse queixo esquisito e protuberante.Costumo acreditar neste motivo.
Eu passava as tardes de 1995 me divertindo ao fazer isso.Todos os dias.Fui percebendo o comportamento das pessoas.Como os adultos conseguiam ser diferentes das crianças.Como havia aquela distancia tao formal e desnecessária.
Fui asim crescendo e sempre gostava de ouvir o que as pessoas tinham a me dizer.Gosto de viajar sozinha no onibus e ouvir as conversas das outras pessoas.Nao pela fofoca, mas por entender o pensamento e os principios delas.Gosto de adivinhar (e acertar) o que elas pensam e sentem naquele momento.Um tanto quanto inutil, mas gosto.Costumo pensar no que o outro pensaria se eu fizesse tal coisa com ele e costumo agir pensando no próximo.Hipocrisia, é o que parce, pois somos todos tao egoistas, mas é verdade; eu nao gosto de fazer feio diante dos outros.Sim, eu me importo com a opiniao das pessoas como todo mundo, mas ninguem assume.Claro que pouco ouço falar de mim, as pessoas nao tem muito o que falar de mim.Dizer que sou legal ou amiga é uma coisa que todo mundo diz pra qualquer um.E tambem nao vou ficar pedindo para que voces digam pra mim nos comentários (mas seria bom se, pelo menos, voces comentassem, porque todo mundo le e nem to sabendo que tem gente lendo), não precisa, é sério!Gosto de dizer a elas o que penso e adoro uma questão filosófica.
Amo ouvir histórias reais.É meu momento catártico de sair da minha vida dramática e melancólica para mergulhar na vida do próximo.É como abrir uma grande obra literária e curtir o sabor de um Joaquim Maria, Clarice ou Gabriel.Amo sentar, ouvir histórias, saber a reação de cada "personagem", visualizar um cenário, o rosto das pessoas envolvidas que não conheço, tentar visualizar a reação das pessoas que conheço, saber o que vai acontecer no dia seguinte.Tenho um absurdo interesse em ouvir o cotidiano, em sentir o cotidiano, em assistir o cotidiano.As minhas histórias já foram atrativas algumas vezes, mas confesso que, apesar de ter gostado de ser o centro das atenções por alguns momentos, não é a atividade que mais curto.Gosto de contar sobre minhas travessuras na época de "solteira", ou do último fracasso com o ex-namorado, mas prefiro ouvir.Sinto que minhas histórias e questões pessoais ficam sem sentido ou sem fundamento quando elas saem de mim.É como se eu precisasse senti-las pulsando e doendo dentro de mim para que eu me sentisse com alguma razao de viver.Contar, desabafar, anda me trazendo decepções, pois não costumo ser ouvida constantemente.Não por ter a volta amigos despreziveis e ruins, mas por talvez ser chata.Sentir-me chata.Ou apenas por nao ser uma boa contadora de histórias.Ou talvez porque o interesse que eu tenho por pessoas não é mesmo que as pessoas têm por pessoas.
Não sei ao cert, mas ando curtindo a idéia de que é bom fornecer bons momentos às pessoas a volta.Sinto-me pior do que antes ao desabafar.Tenho bons amigos, alguns decepcionáveis (abrindo o jogo: ando violentamente decepcionada com uma amiga, que sei muito bem que não posso chamá-la de amiga.É meio frustrante, mas foi bom descobri a tempo que ela não era tão legal quanto imaginei), sei que eles seriam capazes de ouvir algumas das minhas lamentações, mas sinto-me muito mais feliz em deixá-las para mim.Não é uma felicidade plena, mas uma felicidade melancólica.Ver as pessoas felizes e bem com a companhia.Isso me agrada, isso me satisfaz.
Pessoas vivem questões filosóficas o tempo todo.Isso é extremamente natural.Gosto dessas questões, mas não de vive-las em alguns momentos.Gosto mais de não te-las.

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