sábado, 26 de abril de 2008

Do silêncio

O escuro anda me dando muito prazer ultimamente.
O simples toque no interruptor ou o fechar de olhos por alguns segundos são coisas que estão me trazendo paz nos últimos dias.
Ando escrevendo mais e falando menos, cada vez menos, até emudecer de vez.Quando esse dia chegar, serei feliz.
Cada vez mais sinto prazer em curtir o silencio da minha voz.Contralto, da época dos corais do Colégio Pedro II.Nem cantarolo mais as músicas que tocam no meu som do quarto.É um processo gradual.
Nao tenho mais tanta vontade de contar minhas novidades, meus passeios, minhas falas, minhas experiencias.Nao há mais que as ouça.Olho a volta e me sinto dentro da questão da eutanásia das minhas relações íntimas; muitas delas morrerão, e nós desligaremos seus aparelhos.Ando aceitando melhor as perdas, porque muitas já me aconteceram.Costume, força do hábito.
(Alguns ficam depois de tantas mil marés, serão esses que a gente carrega por toda minha vida-morte?)
O silêncio da minha voz me dá muito mais prazer.Acostumar-se com ele.Não será tão difícil, já que não sinto-me a vontade de falar.Seja para perguntar, ou para responder...
Escrever, ou seria esse meu destino?Sair das mitocondrias para as palavras, sílabas, morfes, fones...
A eterna quietude, que só encontrarei na minha plena morte.

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