terça-feira, 10 de março de 2009

Chuva, cadeiras e passinhos

Foram horas de espera. Detalhes a parte não fazem sentido aqui, agora. Não importa agora o que aconteceu antes ou depois daquele momento tão confuso e sonhador. Também não importa se são feios ou bonitos ou se um deles não está mais cantando. São outras coisas que importam.
Não sabia que eu rejuveneceria tão rapidamente. Sabia, estava preparada para o bombardeio de imagens. Externas e internas. Sabia que seria mais forte do que eu poderia suportar.
Cantar as músicas enquanto esperamos por eles foi o de menos. Também foi o de menos a expectativa de esperá-los tão perto do palco. Lá estávamos nós, praticamente junto com eles, vendo aquela movimentação do camarim.
E quando as luzes se apagaram, as cortinas cairam e lá estavam eles de costas, vestidos de lutadores de boxe, senti meu coração surrar dentro do meu peito. Seria capaz de fechar os olhos e viajar, tal qual fui alertada antes daquele dia. Voltaríamos aos 15 anos, reviveríamos tudo.
Foi gostoso rever a propaganda na revista sobre o CD deles. Meninas dizendo o quão bonito era aquele cara mais alto da capa do CD. Olhei pra propaganda e fiz pouco caso; na verdade, queria ler a reportagem sobre as Spice Girls, que era fã. Naquele dia, a revista passou de mão em mão; dos meninos, pra ler a reportagem, das meninas, pra ver quem eram aqueles cinco meninos fazendo pose no muro para a foto azulada.
Foi a Diana que me disse que aquela foto era a capa do segundo CD deles. O nome do grupo queria dizer algo sobre os garotos da rua de trás e, confesso, não entendi muito bem o significado, mas a música parecia ser boa. Ela levou o discman escondido pra escola, e nos apresentou Everybody. Ficamos fãns na hora.
Ao telefone, uma de nós nos contou que eles estavam na MTV. A mesma música, usando roupas de monstros, quase um remake de Thriller, do Michael Jackson. Foi ali que virei adolescente de fato, que nem as de hoje, que deliram ao som de Jonas Brothers. Na minha época, eram os Backstreet Boys. Na época da minha madrinha, eram os Menudos e New Kids.
Comprei o segundo CD meio que no desespero. Precisava ouvir as outras músicas. Era a primeira música que eu me identificava, All I Have To Give. Passara a infancia ao som de Commodors, ABBA, Carpetens, Michael Jackson, mas eles não causaram o mesmo impacto que 10000 Promisses ou Nobody But You.
As tardes na casa da Livia, vendo os clipes do primeiro CD (que comprei depois de decorar o segundo) eram de lei. Eu, ela e Juju. O Kevin na tela era motivo de suspiro. Éramos nós três deitadas no chão de boca aberta, meio paralisadas, assistindo o clássico Quit Playin' Games na TV.
O primeiro menino que comecei a olhar assim, mais de outro jeito, o David, me marcou com Darlin', numa certa vez (talvez a única) que eu ouvira no radinho de uma das secretárias do cursinho de espanhol que fazíamos (e ele estava junto). Foi meu primeiro fora. E meu primeiro CD arranhado (e justamente na faixa 10...).
Já tinha 14 anos quando comecei a namorar. Foi mais ou menos no lançamento de Millenuim, que não foi o melhor CD do grupo, mas marcou a minha fase de primeiro amor. I Need You Tonight me fazia lembrar do Marcos. Os amigos dele compraram o CD e ficavam ouvindo no recreio, aprendendo as músicas e acompanhando o papo das meninas. Numa das inúmeras festinhas de 15 anos, o Marcos me puxou pra dançar essa mesmo, I Need You Tonight. Quando terminamos o namoro, era só Millenium que eu ouvia e sentia sua falta em segredo.
A Katia já era minha melhor amiga quando dançávamos Everybody no fundo da sala na hora do recreio. Mesmo já sendo uma música antiga, ainda era a nossa preferida. O CD Black and Blue lançou quando eu já suspirava por How Did I Fall In Love With You: era meu primeiro amor.
A partir daí, aos poucos, os Backstreet Boys deram lugar a outras bandas, outras músicas, outros gostos. Meu irmão, o Pedro, me apresentara aos Guns n' Roses. O namorado, na época o Davi, me apresentara os Red Hot Chilli Peppers. Meus primos, ao Mettallica. O tempo foi passando e percebi que só ouvia música na loja onde trabalhei por dois anos: Corpo e Alma. Alicia Keys, Ana Carolina, Manu Chao, U2... Os Backstreet Boys ficaram esquecidos na gaveta mais profunda da minha lembrança; a alegria da adolescencia ficou para trás e parecia que isso não teria mais volta...
Eu estava no quarto vestibular quando eles lançaram Never Gone. Não esperava mais que eles voltassem à mídia. Comprei o CD achando que eles não estavam mais como em We've Got Goin' On, mas me surpreendi quando percebi que I Still... e Siberia dialogavam com a minha fossa da época.
As coisas, pra mim, melhoraram quando eles voltaram à ativa. Ligava a TV e via o clipe Incomplete, justamente na época em que soube que todo o martírio de vestibular já estava com os dias contados: UFRJ ou UFF, você escolhe. Foi ai que decidi dizer adeus a tudo que me incomodava com Lose It All: larguei a fossa de um amor não mais correspondido e mergulhei na alegria de me redescobrir.
E então, o show. As lembranças não paravam de passar na minha cabeça. Todo mundo tem um símbolo de alguma lembrança. Todas as luzes, os acordes, me faziam lembrar de amizades que se foram, de amores que marcaram, de uma época tão inocente e feliz que a gente até se perde. E quando o show acabou, não sabia mais onde eu estava. Eram tantas as emoções que pouco parecem ai escrever aqui.
Ao sair do Via Park, percebi que estava eu, não mais aos 15 anos, aprendendo a cantar em inglês com a Katia no meio da aula de matemática, ou aos 13, assistindo aos clipes de Backstreet Back com a Livia. Eu tinha 24, e, com medo de toda aquela doçura ser esquecida outra vez, ao chegar em casa, liguei o som bem baixinho. Não podemos perder as coisas que são boas pra gente.

***
I know that I, I can't believe
Just what the path has brought me
To the man I wanna be
And I know that we have had some times
That we can't forget the struggle
Cause we have so far to go
I know we have changed but,
Change can be so good
So let's not forget why it's understood that...

CHORUS

Time
Look where we are
And what we've been through
Time
Sharin' our dreams
Time, it goes on and on everyday, baby
Time is what it is come what may

I remember when mom used to say
That things are getting better
And you'll soon be on your way
Remember those days, that we would sing at
The drop of a dime
Way back when nothing else mattered
Oh, I know we've changed but,
Change can be so good
Oh, so let's not forget why it's understood that...

CHORUS - repeat

So here we are
And we'll always stay together
And through it all you know
We owe it all to you, you, you and you
(Time goes on, never stops, it keeps on)

CHORUS - repeat 2X

Time, it goes on and on everyday
Time is what it is, come what may, come what may.......

2 comentários:

  1. cara sem palavras...lembrando que vc tbm me apresentou a outras bandas no qual agora nao me recordo =D!!!
    mas digo o seguinte....é bom voltar ao passado...fazer da nossa vida um cd de coletaneas!!!!
    é sempre é bom!!!
    as vzs quando lembro da minha entrada no Sao Vicente de Paulo escuto Welcome to the Jungle!!!
    quando olho a Debora toca sweet child o mine na minha cabeça!!!
    quando um fora eu levo me vem november rain!!!entre outros!!!
    amo te

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  2. Vivi a mesma fase de BSB q vc, então tenho recordações semelhantes...as várias festinhas de 15 anos q tocavam...meu video depois de uerj aqui em ksa com as meninas tocando incomplete (sem querer).... enfim bsb voltou as nossas vidas nesse inicio de ano e acho q agora nao vai embora tão cedo (nunca foi...estava guadado na nossa memória)...e enqto não lançam o prox cd continuo ouvindo as músicas do cd novo e decorando as q eles não cantaram no show....

    e nós vamos na prox turnê.

    bjks

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