segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Que morra!!!!!

Tá, ai você vem me dizer que nunca desejou que alguém morresse?
Quando a gente quer que alguém desapareça do mundo, a gente, impliscitamente, deseja que esta pessoa morra, mas isso é macabro demais pra ser aceito por ai. Imagina só se eu viro aqui no meu blog e diga:"Sinto mó vontade que de fulano morra...aiai". Bate polícia na minha porta me chamando de subversiva!
Mas a verdade é que, no fundinho mesmo do nosso ser mais malvado que há dentro de nós, desejamos que aquela garota ou aquele cara suma da cidade, do estado, do país, do mundo, da Via Láctea...Então digamos que eu queira que alguém pegue um onibus espacial da NASA e voe para Jupiter, certo?
Pelo menos é o rezo todas as vezes que passo perto da casa desse alguém.
Não vivi essa história, isso aconteceu com ela. Antes, muito antes de eu nascer, ela decidiu que ia fugir de todas as formas da pessoa que ela amava. Concentrou todo o seu ser para fazer bem feito, de tal forma que ela me ensinou a não pisar em certos lugares da cidade. Isso, para mim, pouco me fazia diferença. Tudo era muito contra-mao, e juro que estou admirada em saber o quanto que ela gastava num trajeto chatinho para chegar até a casa desse alguém.
Hoje em dia pego a Linha Amarela e, mesmo demorando bem mais do que ela demoraria se ainda esse alguém existisse, é um trajeto mais movido a "aventuras" e paisagens interessantes (sempre é bacana ver metade da Zona Norte de cima de uma Grajau-JPA).
A cidade é grande, de tão pequena (ou pequena de tão grande, sei lá), de tal forma que aqui, tão perto de casa, fui dar de cara com a figura evitável numa das minhas idas ao hospital. Nesse dia, senti tudo que ela sentiu nos anos que amou esse cara. Isso foi angustiante por alguns segundos e tive a plena certeza do que ela tinha me falado antes de morrer.
"Cuidado, ele suga sua felicidade"
Um dementador!
E, no momento em que eu passei ao seu lado, senti a nuvem negra e podia até ver que ele não tinha os pés tocados no chão. Um dementador (vocês não leram aquele livro?) pode sugar sua felicidade. E foi o que ele fez, por breves segundos. Lembrei-me de coisas que já até tinha sido apagado da memória. Coisas que você conta ou na mesa de bar para as amigas, finalizando com "QUE MORRA!!!", ou no divã do seu psiquiatra (juro que a primeira opção é mais adequada).
Por agora, tive que ser forçada a frequentar o lugar que ela tanto frequentou antes de fugir das lembranças. Atravesso aquelas ruas estreitas de Zona Sul com o temor de encontrá-lo novamente. Sigo a calçada apertada dizendo baixinho comigo mesma "...que ele não saia de casa e não apareça por aqui...". Não que ele morra, dementadores não morrem.
Mas que ele tenha saído do bairro, da cidade, do estado, do país, do mundo, da Via Láctea...é mais politicamente correto...
***
...pois atire a primeira pedra quem nunca desejou isso?

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