terça-feira, 18 de março de 2008

De dentro do meu coração

"Por que você não escreve sobre isso?Talvez te ajude a pensar melhor..."
***
Sentei-me à mesa, liguei o computador.Faz alguns dias que tento falar sobre isso, mas na verdade eu não consigo.Não sei se preciso de férias melhores ou de uma grande válvula de escape.Tudo foi por agua abaixo e meu grande tato para contar histórias falhou talvez de vez.Perdi meu termômetro e não sei mais o que digo e pra quem digo.
Não faz muitos anos que me fizeram sentir assim: vazia.Como se eu estivesse cercada de mil amigos, todos eles adoráveis e queridos, reciprocamente, mas que, no fundo, estivesse completamente sozinha.Quando se perde o chão, o abismo pode ser muito fundo.
Não sei do que exatamente sinto falta: do preenchimento desse vazio ou de quem preenchia.Às vezes olho para os grandes olhos e percebo que sinto falta de um preenchimento.Busco esse recheio em pessoas que quase não têm paciencia em ouvir.Deixam-me triste.Olhos pequenos, diferentes, desatentos.Há noites em que fico admirando as estrelas do meu quarto e lembro de quem preenchia, e choro.Sinto muita, mas muita falta de quem tive que abandonar, por tamanha ignorancia de sua parte ou intolerância da minha.Lembro de tudo; repasso fato por fato e cada vez mais chego à conclusão de quem não errei em nada, não desfiz nenhum passo.Por que teve que acontecer dessa forma?
Sempre defendi a grande amizade, daquelas supremas e inabaláveis, mas já é a terceira vez que a grande promessa torna-se um grande furo, um grande erro.Sinto e não sinto, entristeço feliz e aliviada.Como existir dentro de mim esse grande paradoxo de amor e ódio, saudade e fuga?Como posso conseguir guardar tantas coisinhas pequenas, sem ter com quem dividir?Como tirar minhas dúvidas, passar as tardes de domingo sem o Palácio, as tardes de sábado sem os DVD's?E como, ao mesmo tempo, conviver com a lembrança da ignorância, do esquecimento?Como ser esquecida tendo a tamanha importancia declarada aos quatro ventos?Como ter aberto mão de tantas coisas, de tantos outros eventos?Por que ter dado chance ao fracasso?Não teria sido melhor tapar o sol com a peneira e nunca ter descoberto que podem, sim, ser capazes de me esquecer?
A solidão...ah, a solidão.Amiga que sempre me acompanhou, desde a mais tenra infancia de pátio da escola e bola de futebol, até os dias que me seguiram no primeiro dia de aula no pré vestibular.Dela esqueci, e pude contar com um inicio de mil amigos que me ajudaram a vencer.Nunca mais pude ve-la tao forte dentro de mim.Passaram-se alguns anos e ela voltou a me acompanhar, como nos velhos tempos de infancia.Ver-me tao cercada, tao conhecida no corredor escuro da faculdade e sentir-me tao longe de todos, tão sozinha de tudo.
Na verdade, é muito mais do que isso.A tão mágica língua portuguesa não pode exprimir tudo que sinto.Sábio Mattoso, que afirmou que a linguagem também está nos gestos e olhares.
***
Releu e achou melhor deixar assim mesmo.Pronto, Dani, acho que consegui escrever.
E fui viver.
P.S.:Amor e ódio são sentimentos que se confundem.Talvez seja mais fácil assumir essa filosofia tão abstrata e entender de vez que o que eu sinto é amor e ódio.

3 comentários:

  1. Ok...linda reflexão...
    espero q vc esteja mais aliviada...

    T adoro

    bjkss

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  2. Não sei bem do que se falou, mas sei que entendo.
    Algo no meio me chamou atenção:
    "poderia tapar o sol com a peneira"
    ás vezes o melhor que temos a fazer é isso e esperar ver o dia raiar;
    [Obrigada sempre]

    Te amo.
    Bjuss

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  3. Queria te dar um grande abraço... longo, apertado, quente... Um abraço de amiga.
    Beijos - te adoro

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